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terça-feira, 22 de julho de 2025

Resenha | Mistborn de Brandon Sanderson.

 


AS BRUMAS DOMINAM A NOITE. O SENHOR SOBERANO DOMINA O MUNDO.

Certa vez, um herói surgiu para salvar o mundo. Ele fracassou.
Desde então, o mundo tem sido um deserto de cinzas e névoa, governado pelo imortal conhecido como Senhor Soberano.
A esperança, porém, persiste. Uma nova revolta está se formando por meio de um grande golpe, um brilhante gênio do crime e a coragem de uma heroína improvável: uma jovem das ruas que precisa aprender a dominar o poder de uma Nascida da Bruma.


Uma fantasia cinzenta, brilhante e revolucionária.
Uma revolução nas sombras, poderes que queimam nos ossos e personagens que desafiam as regras da fantasia. Mistborn não é apenas um livro — é uma experiência intensa, vibrante e cinzenta, como a própria névoa que envolve o mundo criado por Brandon Sanderson.
No primeiro volume da trilogia Mistborn, somos levados a um império sombrio, regido há mil anos pelo Senhor Soberano, um tirano que governa com punhos de aço e com uma religião opressora que sustenta seu poder absoluto. Esse mundo é chamado de Império Final — uma terra onde as cinzas caem do céu, as plantas são marrons e a esperança foi praticamente extinta.
É nesse cenário que conhecemos Kelsier, um ladrão lendário que sobreviveu às brutais minas de Hathsin e retornou para a capital, Luthadel, com um plano audacioso: derrubar o Império e matar o próprio Senhor Soberano.
Durante uma de suas incursões pelas camadas mais baixas da sociedade, Kelsier conhece Vin, uma jovem skaa (classe oprimida do Império) que vive nas ruas, desconfiada de todos e habituada à violência e submissão. Sob o domínio de um líder cruel, ela sobrevive graças a uma habilidade estranha de manipular emoções — algo que ela chama apenas de “sorte”.
Kelsier logo percebe que Vin é muito mais do que imagina: ela é uma Nascida das Brumas — uma rara alomântica capaz de queimar todos os metais e usar seus poderes com incrível potencial. Ele a recruta para sua equipe rebelde e começa a treiná-la não apenas como arma, mas como alguém capaz de ocupar um papel de destaque na nova ordem que ele sonha construir.
Sanderson é mestre na construção de sistemas mágicos, e aqui ele apresenta a alomância: uma forma de magia baseada na queima de metais, cada um com uma função específica — como aumentar força, empurrar ou puxar metais, melhorar os sentidos, manipular emoções, entre outros.

Essa magia não é apenas decorativa — ela é política, estratégica e parte essencial da trama.

A equipe de Kelsier, composta por alomânticos especializados em diferentes tipos de metais, elabora um plano complexo: provocar uma revolta entre os skaa, infiltrar-se entre os nobres e desestabilizar o Império de dentro para fora. Tudo isso enquanto enfrentam os temidos Inquisidores de Aço, figuras aterrorizantes com estacas nos olhos e poderes devastadores.
Mistborn não é apenas uma história de rebelião contra um império opressor. É uma jornada sobre fé, esperança e sacrifício.
É sobre o quanto um ideal pode sobreviver mesmo quando tudo ao redor parece ruir.
Sobre o quanto o mundo pode ser cruel, e mesmo assim algumas pessoas escolhem acreditar — e lutar.

Vin, ao longo do livro, não apenas aprende a usar seus poderes, mas descobre quem ela é. Seu crescimento é um dos pontos altos da história. De uma garota desconfiada e submissa, ela se torna alguém capaz de desafiar reis e decidir por si mesma o que é certo.


Desde que me tornei leitora de Brandon Sanderson, Mistborn era um desejo antigo. Sempre ouvi elogios à trilogia, mas só agora tive a oportunidade de mergulhar nesse universo — e entendi por que tantos leitores são apaixonados por essa história.
O mundo criado é rígido, coerente e fascinante. Há uma beleza sombria nesse cenário de névoas e cinzas, e uma energia elétrica na forma como Sanderson conduz a narrativa. Mas, acima de tudo, foram os personagens que me conquistaram.
Kelsier, com sua fé inabalável em um ideal maior.
Vin, com sua força contida e seu processo de florescimento.
E até os antagonistas, que não são simples vilões, mas figuras complexas, com ideologias e motivações próprias.
Ninguém aqui é inteiramente bom ou mau. Eles são cinzas, como o mundo em que vivem. E isso torna tudo mais real, mais humano, mais profundo.
Mistborn: O Império Final tem ares de obra-prima desde a primeira página. É uma leitura que prende, emociona e provoca reflexões — sobre poder, liberdade, lealdade e fé.
E agora estou ainda mais apaixonada pela Cosmere.
Essa leitura não apenas me conquistou — ela reacendeu em mim o amor pela fantasia épica.
Mal posso esperar para continuar essa jornada.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Resenha | Despertar da Chama Eterna — Penn Cole

 


Quando antigos segredos pegam fogo, tudo se incendeia.
Em um mundo colonizado por deuses e governado por seus cruéis e mágicos Descendentes, a curandeira Diem Bellator sonha escapar da vida sufocante em sua humilde aldeia.
O desaparecimento repentino da mãe e a descoberta de um segredo perigoso sobre o passado dela lhe dão uma chance inesperada de se infiltrar no sombrio mundo da realeza dos Descendentes e desvendar os mistérios que sua mãe deixou para trás.
Herdeiro do rei, o príncipe Luther observa cada movimento de Diem, e uma aliança mortal está determinada a recrutá-la para a guerra civil iminente. Em meio a tantos riscos, ela precisará dominar as regras do amor, do poder e da política para proteger sua família – e toda a humanidade.
Diem Bellator é uma curandeira habilidosa que vive na cidade mortal na periferia de Luminus. Vivendo uma vida pacata ao lado da mãe, padrasto e irmão mais novo, Diem está feliz com a vida que leva, ou assim imaginava.

Em Despertar da Chama Eterna, somos apresentados a Diem Bellator, uma mortal que trabalha como curandeira na cidade periférica dos mortais, próxima a Luminus.

Luminus, por sua vez, é governada pelos Descendentes — filhos dos deuses, seres poderosos que possuem magia e que, frequentemente, agem de forma cruel e arrogante, quase sempre impunes pelos atos perversos cometidos contra os mortais.

Após ajudar a tratar feridos no palácio, Diem decide assumir as responsabilidades de sua mãe, que desapareceu de forma misteriosa e repentina. A partir disso, ela passa a atuar como curandeira real e começa a ter mais contato direto com o príncipe herdeiro, Luther. A tensão entre eles é palpável.

Diem não é uma protagonista fácil de gostar. Apesar de ter vinte anos e ter sido treinada como curandeira, ela demonstra atitudes impulsivas e, por vezes, infantis. Em várias situações, a própria personagem menciona que sua mãe omitiu informações importantes durante seu treinamento, mas, vivendo em uma cidade cercada por seres tão poderosos, seria de se esperar que ela tivesse, no mínimo, um conhecimento básico sobre como lidar com os Descendentes. Mesmo com os segredos de sua mãe, isso soa como uma falha difícil de ignorar.

Em um ato impulsivo, ela decide se juntar à resistência rebelde, que luta para derrubar os Descendentes. Durante uma missão como espiã no palácio, Diem age de maneira excessivamente confiante e impulsiva. Após falhar, ela não reconhece sua imprudência e ainda se ressente quando Maura, sua mentora, lhe dá um sermão e a proíbe de retornar ao palácio.

Outro ponto que me incomodou foi a maneira como Diem se comunica com Luther. Por mais que ela seja a protagonista, seu tom desafiador e, muitas vezes, desrespeitoso chega a ser irritante. Curiosamente, embora Luther se mostre implacável com guardas e outros Descendentes, quando se trata de Diem, ele é surpreendentemente tolerante.

Apesar dessas questões, o livro é bem escrito, a trama é envolvente e prende a atenção do leitor do início ao fim. O desfecho, especialmente, cumpre muito bem seu papel: aguça a curiosidade e nos deixa ansiosos pela continuação.

E você, Viajante, já leu Despertar da Chama Eterna?
Me conta nos comentários — vou adorar saber sua opinião! 🔥✨

sábado, 17 de maio de 2025

Tempestade de Ônix - Rebecca Yarros.



Depois de quase dezoito meses no Instituto Militar Basgiath, Violet Sorrengail sabe que não há mais tempo para lições. Não há mais espaço para incertezas. Porque a guerra começou de verdade, e, com inimigos tão poderosos – tanto de fora das muralhas de Basgiath quanto dentro de suas fileiras –, é impossível saber em quem confiar.

Agora, Violet precisa viajar para além das enfraquecidas defesas de Aretia, a fim de buscar em terras desconhecidas aliados dispostos a lutar ao lado de Navarre. Essa jornada testará os limites de sua inteligência, bem como de sua sorte e de seu poder, mas Violet estará disposta a tudo o que for preciso para salvar o que mais ama: seus dragões, sua família, sua casa e ele.

Mesmo que isso signifique guardar um segredo grande o bastante para destruir tudo.

Eles precisam de um exército. Eles precisam de poder. Eles precisam de magia. E precisam de algo que só Violet pode encontrar: a verdade. Mas uma tempestade está se formando... e nem todos sobreviverão a sua fúria.



Tempestade de Ônix é a sequência eletrizante de Chama de Ferro e o terceiro volume da série Empyriano, de Rebecca Yarros. Neste livro, retornamos ao universo cruel e fascinante dos cavaleiros de dragões, onde Violet Sorrengail precisa encarar as consequências não só da guerra, mas das verdades que se vierem à tona, podem mudar o destino de todo o continente.

Ainda se recuperando física e emocionalmente após a batalha devastadora no fim do livro anterior, Violet carrega não apenas cicatrizes, mas também o peso de decisões difíceis e perdas profundas. Enquanto Basgiath é reconstruída, ela volta seus esforços para Andarna, a jovem dragão que parece ser a chave para desvendar o mistério da sétima raça de dragões — uma peça perdida na história que pode ser vital para combater os Venin.

Com as defesas de Aretia fragilizadas e a ameaça dos Venin se tornando cada vez mais urgente, Violet parte em uma missão não autorizada. Ao lado de aliados leais, ela atravessa territórios perigosos em busca de respostas, novos aliados e, sobretudo, uma cura para o mal que se alastra pelo continente. Mas essa jornada não é movida apenas por heroísmo — Violet também busca algo pessoal, quase egoísta, o que torna sua trajetória ainda mais complexa e humana.

Rebecca Yarros entrega mais uma vez uma narrativa intensa, com ritmo ágil e repleta de tensão emocional. O desenvolvimento dos personagens é um dos pontos altos do livro. Violet não é apenas uma guerreira: é uma jovem mulher cansada, determinada e quebrada em partes, tentando permanecer de pé em meio ao caos. Sua força reside tanto na espada quanto na coragem de enfrentar suas emoções mais sombrias.

Apesar de algumas soluções narrativas parecerem convenientes e certas passagens serem resolvidas com rapidez, isso não compromete a experiência como um todo. Yarros compensa qualquer tropeço com momentos de tirar o fôlego, relações intensas, dilemas éticos e cenas de ação eletrizantes.

A dinâmica entre Violet e Xaden atinge novos patamares, marcada por segredos, angústias e laços frágeis. Já Andarna, com sua aura de mistério e inocência selvagem, traz uma leveza bem-vinda e promete ser central para os próximos acontecimentos.

O final? Como o próprio título anuncia: uma verdadeira tempestade. Yarros encerra com um gancho chocante que deixa o leitor atordoado, ansioso e absolutamente desesperado pelo próximo volume.

Tempestade de Ônix consolida a série O Empyriano como uma das mais envolventes da fantasia contemporânea, especialmente para quem busca uma trama densa, cheia de ação, romance e personagens com camadas reais. Violet Sorrengail pode estar em pedaços — mas continua sendo uma das heroínas mais marcantes da fantasia atual.