Bom dia Viajantes.
Hoje eu trouxe um
livro muito conhecido que já ganhou uma mini série e três filmes. Estou falando do
livro "Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna.
O livro conta a
história de vários moradores da cidade de Taperoá no sertão do Brasil.
Escrita em forma de alto (gênero da literatura que trabalha com
elementos cômicos e tem intenção moralizadora), a peça teatral traz uma narrativa com elementos de literatura de
cordel e de gênero comédia, apresenta traços
do barroco católico brasileiro, misturando cultura popular e
tradição religiosa. Trabalha com a linguagem oral e apresenta
também regionalismo através da caracterização do nordeste.
Espero muito que vocês gostem.
Não esqueçam de comentar se vocês já leram o livro ou assistiram ao filme, minissérie ou a peça.
Comente também caso tenham representado um dos personagens do Auto.
Personagens e
Resumo
O
Palhaço - O palhaço, já que a
peça é escrita em pantomima (teatro de rua), atua como um
apresentador, entrando e saindo da trama e conversando com o público.
João Grilo - Um homem pobre e aproveitador. Vive
arranjando confusões. Trabalha para o Padeiro e é o melhor amigo de Chicó.
Chicó - É um homem covarde, e gosta de
contar mentiras. Trabalha para o Padeiro e é o melhor amigo de João.
O Padeiro - Homem avarento, dono da padaria de
Taperoá. Esposo de uma mulher infiel.
A Mulher do
padeiro - Mulher adúltera que
se diz santa. Vive agradando seu marido. E Assim como seu cônjuge, é muito
avarenta.
Padre João - Padre que chefia a paróquia de
Taperoá. Muito racista e avarento, visando somente o lucro material.
Bispo - Assim como o padre, ele é muito
avarento, e vive difamando seu colega, o Frade.
Frade - Um homem honesto e de bom
coração. Não sabe que vive sendo difamado pelo Bispo.
Sacristão - O sacristão da paróquia é um
homem desconfiado e conservador.
Major Antônio
Morais - Antônio é um
fazendeiro ignorante e autoritário, que usa seu poder para amedrontar os mais
pobres, se autodenomina Major.
Severino - Severino é
um cangaceiro que encontrou no crime uma forma de sobrevivência, já
que seus pais foram mortos pela Polícia.
Cangaceiro - É um dos capangas de Severino. Vive
fazendo de tudo para agradar seu chefe, a quem idolatra.
A Compadecida - É a própria Nossa Senhora. Bondosa e
cândida, ela intercede por todos no Julgamento.
Manuel - É o próprio Jesus Cristo, e
também o juiz do povo, julgando sempre com sabedoria e imparcialidade, mas tem
o dom da misericórdia. Nesta versão, ele possui a pele negra, o que causa
espanto em alguns.
Encourado - é a encarnação do Diabo. Vive
tentando imitar Manuel, por isso exige reverências pelos lugares onde passa. É
o justo promotor do Julgamento, mas diferentemente de Manuel e da Compadecida,
não possui misericórdia.
Demônio - É o fiel servo do Encourado.
Vive fazendo de tudo para agradá-lo, porém é desprezado pelo mesmo.
Narrada pelo Palhaço, a história tem inicio quando Chicó e João
Grilo vão tentar convencer o padre a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do padeiro. Como o padre se
nega a benzer e o cachorro morre, o Padeiro e sua esposa exigem que o padre faça o
enterro do animal. João Grilo diz ao Padre
João que o cachorro tinha um testamento e que lhe deixara dez contos de
réis e três para o sacristão,
caso rezassem o enterro em latim. Quando o bispo descobre, Grilo esperto que só, diz
que na verdade, seis contos iriam para a arquidiocese e apenas quatro para
paróquia, para que o bispo não arrumasse problemas.
Depois de toda a
confusão sobre o enterro do cachorro, João Grilo manda Chicó enfiar moedas em
um gato, para também tirarem vantagem da situação e esconder uma
bexiga de sangue por baixo da camisa, .para o caso de o primeiro plano
falhar.
João, sabendo
que a mulher do padeiro estava triste pela perda do cachorro e também era muito
"interesseira" resolve vender o gato que “descomia” dinheiro para
ela, o gato no qual Chicó tinha colocado moedas. Quando o padeiro descobre,
volta à igreja para brigar com João Grilo. Neste momento, estão reunidos todos
na igreja, pois João estava entregando o dinheiro prometido ao padre, ao bispo
e ao sacristão.
Ouvem-se tiros e
uma gritaria do lado de fora, era o cangaceiro Severino. Ele entra na igreja, rouba o
dinheiro e mata o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e a mulher. Na hora de
matar João Grilo, este lhe dá de presente uma gaita abençoada por Padrinho
Padre Cícero que teria o poder de ressuscitar as pessoas.
Para o
cangaceiro acreditar, João dá uma facada em Chicó e estoura a bexiga com
sangue; Chicó cai e João Grilo toca a gaita enquanto o amigo levanta dançando
no ritmo da música. Severino, então, ordena a seu capanga que lhe dê um
tiro e depois toque a gaita para que ele possa ir encontrar com Padre Cícero e
depois voltar. O capanga obedece, atira, mas quando toca a gaita nada acontece.
Chicó e João Grilo se atracam com o capanga e este leva uma facada. Quando os
dois estão fugindo com o dinheiro que pegam do defunto Severino, o capanga em
seu ultimo suspiro, atira e mata João Grilo.
O Palhaço volta
em cena e explica o que virá a seguir, chama os personagens e pede que ajudem a
arrumar o cenário para o julgamento dos mesmos. O Encourado e Jesus apresentam as acusações e defesas,
mais a situação não é das melhores para os moradores. João então chama Nossa Senhora para interceder por eles. É o que ela
faz. O padre, o bispo, o sacristão, o padeiro e sua mulher são mandados para o
purgatório. Severino e o seu capanga são absolvidos por Jesus e enviados ao
paraíso. E para João é dada uma segunda chance e ele simplesmente retorna a seu
corpo.
Quando retorna,
vê Chicó lhe enterrando, levanta e dá um susto no amigo. Depois de conseguir
fazer Chicó acreditar que está vivo, os dois se animam e fazem planos para o
dinheiro do enterro. Até que Chicó se lembra da promessa que fez a Nossa
Senhora, que daria todo dinheiro caso João sobrevivesse. Depois de uma
discussão, decidem entregar todo o dinheiro à Igreja.

Aguinaldo Batista - Major
Antônio Fagundes - Chicó
Armando Bógus - João Grilo
Ary Toledo - Palhaço
Felipe Carone - Padre
Jorge Cherques - Bispo
Neide Monteiro - Mulher do Padeiro
Regina Duarte - Compadecida
Rubens Teixeira - Padeiro
Zéluiz Pinho - Severino
Zózimo Bulbul - Jesus Cristo
Em 1987, Os Trapalhões adaptaram a peça com o nome Os
Trapalhões no Auto da Compadecida.
Este
filme teve um público total de 2.610.371 espectadores, além de ter sido um dos
raros filmes dos Trapalhões que chegou a ser
comercializado no exterior, no caso, para Portugal.
Elenco (por ordem alfabética):
Betty
Gofman - A Compadecida /Cozinheira do Major
Cláudia
Jimenez - Margarida, mulher do
padeiro
Dedé
Santana - Chicó
Emmanuel
Cavalcanti - Padre João
José
Dumont - Cangaceiro Severino
José
Marinho - Cabra de Severino
Luiz
Armando Queiroz - Palhaço
Marinho
Barbosa - Filho do Major
Mussum -
Frade / Jesus Cristo (Emanuel)
Raul
Cortez - Major Antônio Morais / Diabo
Renato
(Didi) Aragão – João Grilo
Renato
Consorte - Bispo Borba
Sandro
Solviatti - Sacristão
Zacarias -
Padeiro
Em 1999, a rede Globo exibiu a Minissérie de
4 capítulos: O Auto da Compadecida.
O diretor Guel
Arraes procurou
Suassuna para que ele fizesse uma adaptação cinematográfica da peça,
acrescentando cenas de outras de suas peças, O Santo e a Porca e Torturas
de um Coração. O escritor disse:
"Como são obras no mesmo estilo de O
Auto, ou seja, com histórias populares, eu
aceitei".
Em 2000 a minissérie
chegou aos cinemas no formato de filme, porém, nessa versão possui uma hora a
menos que a minissérie, tendo muitas partes
cortadas. O diretor foi mais além e incluiu influências de Decameron, de Boccaccio, no filme. Entre
as passagens omitidas no filme estão o gato que "discome", na qual
João Grilo e Chicó tentam enganar Dora, a esposa do padeiro, apresentando-lhe
um gato que evacuava moedas de prata; e a primeira invasão dos cangaceiros à
cidade de Taperoá.
Sinopse do filme e da minissérie: No vilarejo de Taperoá, sertão da Paraíba, na década de
1930, o esperto João Grilo e seu amigo Chicó, covarde e mentiroso, são dois
nordestinos sem eira nem beira que andam pelas ruas anunciando A Paixão de
Cristo, "o filme mais arretado do mundo". A sessão é um sucesso, eles
conseguem alguns trocados, mas a luta pela sobrevivência continua. João Grilo e
Chicó empregam-se na padaria de Eurico, cuja esposa, a fogosa Dora adora um
homem bravo, trai o marido e é mais devotada à cadela Bolinha do que ao esposo.
Chicó envolve-se com Dora, mas a
chegada da bela Rosinha, filha de Antonio Moraes, desperta a paixão de Chicó, e
ciúmes do cabo Setenta e de Vincentão, o valentão da cidade. Os planos da
dupla, que envolvem o casamento entre Chicó e Rosinha e a posse de uma porca de
barro recheada de dinheiro, dote da bisavó de Rosinha para a moça, são
interrompidos pela chegada do cangaceiro Severino e a morte de João Grilo.
João Grilo, Eurico, Dora, Padre
João, o Bispo e Severino reencontram-se no Juízo Final, onde serão julgados no
Tribunal das Almas por um Jesus negro e pelo diabo. O destino de cada um deles
será decidido pela aparição de Nossa Senhora, a Compadecida e traz um final surpreendente,
principalmente para João Grilo.
Elenco (por ordem alfabética):
Aramis Trindade -
Cabo Setenta
Bruno Garcia - Seu Vicentão
Denise Fraga -
Dora
Diogo Vilela -
Eurico
Enrique Diaz -
Cangaceiro (Cabra)
Fernanda Montenegro - Nossa Senhora
Aparecida (Compadecida)
Lima Duarte -
Bispo
Luís Melo -
Diabo (Satanás)
Marco Nanini -
Cangaceiro Severino de Aracaju
Matheus Nachtergaele - João Grilo
Maurício Gonçalves - Jesus Cristo
(Emanuel)
Paulo Goulart -
Major Antônio Morais (Antônio Noronha de Brito Morais)
Rogério Cardoso - Padre João
Selton Mello -
Chicó
Virgínia Cavendish - Rosinha
No ano de 2014, eu tive a grande honra de encenar o Auto com o grupo teatral filantropico"Irmão Aldo Marini". Eu representei o Palhaço e sem dúvidas foi uma das maiores emoções da minha vida.
Sobre o autor: Ariano Suassuna (16 de junho de 1927 — Recife, Pernambuco, 23 de julho de 2014) foi um escritor nascido em João Pessoa, Paraíba. Defensor da cultura da sua região, o autor de Auto da compadecida lançou o Movimento Armorial, que se interessava pelo conhecimento e desenvolvimento das formas de expressão populares tradicionais.
Foi secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014.
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