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segunda-feira, 4 de julho de 2016

Leitura: Auto da Compadecida - Ariano Suassuna.

Bom dia Viajantes.

Hoje eu trouxe um livro muito conhecido que já ganhou uma mini série e três filmes. Estou falando do livro "Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna.

O livro conta a história de vários moradores da cidade de Taperoá no sertão do Brasil.
Escrita em forma de alto (gênero da literatura que trabalha com elementos cômicos e tem intenção moralizadora), a peça teatral traz uma narrativa com elementos de literatura de cordel e de gênero comédia, apresenta traços do barroco católico brasileiro, misturando cultura popular e tradição religiosa. Trabalha com a linguagem oral e apresenta também regionalismo através da caracterização do nordeste.

Espero muito que vocês gostem.
Não esqueçam de comentar se vocês já leram o livro ou assistiram ao filme, minissérie ou a peça.
Comente também caso tenham representado um dos personagens do Auto.


Personagens e Resumo 
O Palhaço - O palhaço, já que a peça é escrita em pantomima (teatro de rua), atua como um apresentador, entrando e saindo da trama e conversando com o público. 

João Grilo - Um homem pobre e aproveitador. Vive arranjando confusões. Trabalha para o Padeiro e é o melhor amigo de Chicó.

Chicó - É um homem covarde, e gosta de contar mentiras. Trabalha para o Padeiro e é o melhor amigo de João.

O Padeiro - Homem avarento, dono da padaria de Taperoá. Esposo de uma mulher infiel.

A Mulher do padeiro - Mulher adúltera que se diz santa. Vive agradando seu marido. E Assim como seu cônjuge, é muito avarenta.

Padre João - Padre que chefia a paróquia de Taperoá. Muito racista e avarento, visando somente o lucro material.

Bispo - Assim como o padre, ele é muito avarento, e vive difamando seu colega, o Frade.

Frade - Um homem honesto e de bom coração. Não sabe que vive sendo difamado pelo Bispo.

Sacristão - O sacristão da paróquia é um homem desconfiado e conservador.

Major Antônio Morais - Antônio é um fazendeiro ignorante e autoritário, que usa seu poder para amedrontar os mais pobres, se autodenomina Major.

Severino - Severino é um cangaceiro que encontrou no crime uma forma de sobrevivência, já que seus pais foram mortos pela Polícia.

Cangaceiro - É um dos capangas de Severino. Vive fazendo de tudo para agradar seu chefe, a quem idolatra.

A Compadecida - É a própria Nossa Senhora. Bondosa e cândida, ela intercede por todos no Julgamento.

Manuel - É o próprio Jesus Cristo, e também o juiz do povo, julgando sempre com sabedoria e imparcialidade, mas tem o dom da misericórdia. Nesta versão, ele possui a pele negra, o que causa espanto em alguns.

Encourado - é a encarnação do Diabo. Vive tentando imitar Manuel, por isso exige reverências pelos lugares onde passa. É o justo promotor do Julgamento, mas diferentemente de Manuel e da Compadecida, não possui misericórdia.

Demônio - É o fiel servo do Encourado. Vive fazendo de tudo para agradá-lo, porém é desprezado pelo mesmo.

Narrada pelo Palhaço, a história tem inicio quando Chicó e João Grilo vão tentar convencer o padre a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do padeiro. Como o padre se nega a benzer e o cachorro morre, o Padeiro e sua esposa exigem que o padre faça o enterro do animal. João Grilo diz ao Padre João que o cachorro tinha um testamento e que lhe deixara dez contos de réis e três para o sacristão, caso rezassem o enterro em latim. Quando o bispo descobre, Grilo esperto que só, diz que na verdade, seis contos iriam para a arquidiocese e apenas quatro para paróquia, para que o bispo não arrumasse problemas. 
Depois de toda a confusão sobre o enterro do cachorro, João Grilo manda Chicó enfiar moedas em um gato, para também tirarem vantagem da situação e esconder uma bexiga de sangue por baixo da camisa, .para o caso de o primeiro plano falhar. 
João, sabendo que a mulher do padeiro estava triste pela perda do cachorro e também era muito "interesseira" resolve vender o gato que “descomia” dinheiro para ela, o gato no qual Chicó tinha colocado moedas. Quando o padeiro descobre, volta à igreja para brigar com João Grilo. Neste momento, estão reunidos todos na igreja, pois João estava entregando o dinheiro prometido ao padre, ao bispo e ao sacristão. 
Ouvem-se tiros e uma gritaria do lado de fora, era o cangaceiro Severino. Ele entra na igreja, rouba o dinheiro e mata o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e a mulher. Na hora de matar João Grilo, este lhe dá de presente uma gaita abençoada por Padrinho Padre Cícero que teria o poder de ressuscitar as pessoas. 
Para o cangaceiro acreditar, João dá uma facada em Chicó e estoura a bexiga com sangue; Chicó cai e João Grilo toca a gaita enquanto o amigo levanta dançando no ritmo da música. Severino, então, ordena a seu capanga que lhe dê um tiro e depois toque a gaita para que ele possa ir encontrar com Padre Cícero e depois voltar. O capanga obedece, atira, mas quando toca a gaita nada acontece. Chicó e João Grilo se atracam com o capanga e este leva uma facada. Quando os dois estão fugindo com o dinheiro que pegam do defunto Severino, o capanga em seu ultimo suspiro, atira e mata João Grilo. 
O Palhaço volta em cena e explica o que virá a seguir, chama os personagens e pede que ajudem a arrumar o cenário para o julgamento dos mesmos. O Encourado e Jesus apresentam as acusações e defesas, mais a situação não é das melhores para os moradores. João então chama Nossa Senhora para interceder por eles. É o que ela faz. O padre, o bispo, o sacristão, o padeiro e sua mulher são mandados para o purgatório. Severino e o seu capanga são absolvidos por Jesus e enviados ao paraíso. E para João é dada uma segunda chance e ele simplesmente retorna a seu corpo. 
Quando retorna, vê Chicó lhe enterrando, levanta e dá um susto no amigo. Depois de conseguir fazer Chicó acreditar que está vivo, os dois se animam e fazem planos para o dinheiro do enterro. Até que Chicó se lembra da promessa que fez a Nossa Senhora, que daria todo dinheiro caso João sobrevivesse. Depois de uma discussão, decidem entregar todo o dinheiro à Igreja.



A peça foi adaptada para o cinema pela primeira vez em 1969, com o titulo "A Compadecida".

Elenco (por ordem alfabética):
Aguinaldo Batista - Major
Antônio Fagundes - Chicó
Armando Bógus - João Grilo
Ary Toledo - Palhaço
Felipe Carone - Padre
Jorge Cherques - Bispo
Neide Monteiro - Mulher do Padeiro
Regina Duarte - Compadecida
Rubens Teixeira - Padeiro
Zéluiz Pinho - Severino
Zózimo Bulbul - Jesus Cristo



Em 1987, Os Trapalhões adaptaram a peça com o nome Os Trapalhões no Auto da Compadecida.
Este filme teve um público total de 2.610.371 espectadores, além de ter sido um dos raros filmes dos Trapalhões que chegou a ser comercializado no exterior, no caso, para Portugal.

Elenco (por ordem alfabética):
Betty Gofman - A Compadecida /Cozinheira do Major
Cláudia Jimenez - Margarida, mulher do padeiro
Dedé Santana - Chicó
Emmanuel Cavalcanti - Padre João
José Dumont - Cangaceiro Severino
José Marinho - Cabra de Severino
Luiz Armando Queiroz - Palhaço
Marinho Barbosa - Filho do Major
Mussum - Frade / Jesus Cristo (Emanuel)
Raul Cortez - Major Antônio Morais / Diabo
Renato (Didi) Aragão – João Grilo
Renato Consorte - Bispo Borba
Sandro Solviatti - Sacristão
Zacarias - Padeiro


  

Em 1999, a rede Globo exibiu a Minissérie de 4 capítulos: O Auto da Compadecida.
O diretor Guel Arraes procurou Suassuna para que ele fizesse uma adaptação cinematográfica da peça, acrescentando cenas de outras de suas peças, O Santo e a Porca e Torturas de um Coração. O escritor disse: "Como são obras no mesmo estilo de O Auto, ou seja, com histórias populares, eu aceitei". 
Em 2000 a minissérie chegou aos cinemas no formato de filme, porém, nessa versão possui uma hora a menos que a minissérie, tendo muitas partes cortadas. O diretor foi mais além e incluiu influências de Decameron, de Boccaccio, no filme. Entre as passagens omitidas no filme estão o gato que "discome", na qual João Grilo e Chicó tentam enganar Dora, a esposa do padeiro, apresentando-lhe um gato que evacuava moedas de prata; e a primeira invasão dos cangaceiros à cidade de Taperoá.

Sinopse do filme e da minissérie: No vilarejo de Taperoá, sertão da Paraíba, na década de 1930, o esperto João Grilo e seu amigo Chicó, covarde e mentiroso, são dois nordestinos sem eira nem beira que andam pelas ruas anunciando A Paixão de Cristo, "o filme mais arretado do mundo". A sessão é um sucesso, eles conseguem alguns trocados, mas a luta pela sobrevivência continua. João Grilo e Chicó empregam-se na padaria de Eurico, cuja esposa, a fogosa Dora adora um homem bravo, trai o marido e é mais devotada à cadela Bolinha do que ao esposo.
Chicó envolve-se com Dora, mas a chegada da bela Rosinha, filha de Antonio Moraes, desperta a paixão de Chicó, e ciúmes do cabo Setenta e de Vincentão, o valentão da cidade. Os planos da dupla, que envolvem o casamento entre Chicó e Rosinha e a posse de uma porca de barro recheada de dinheiro, dote da bisavó de Rosinha para a moça, são interrompidos pela chegada do cangaceiro Severino e a morte de João Grilo.
João Grilo, Eurico, Dora, Padre João, o Bispo e Severino reencontram-se no Juízo Final, onde serão julgados no Tribunal das Almas por um Jesus negro e pelo diabo. O destino de cada um deles será decidido pela aparição de Nossa Senhora, a Compadecida e traz um final surpreendente, principalmente para João Grilo.

Elenco (por ordem alfabética):
Aramis Trindade - Cabo Setenta
Bruno Garcia - Seu Vicentão
Denise Fraga - Dora
Diogo Vilela - Eurico
Enrique Diaz - Cangaceiro (Cabra)
Fernanda Montenegro - Nossa Senhora Aparecida (Compadecida)
Lima Duarte - Bispo
Luís Melo - Diabo (Satanás)
Marco Nanini - Cangaceiro Severino de Aracaju
Matheus Nachtergaele - João Grilo
Maurício Gonçalves - Jesus Cristo (Emanuel)
Paulo Goulart - Major Antônio Morais (Antônio Noronha de Brito Morais)
Rogério Cardoso - Padre João
Selton Mello - Chicó
Virgínia Cavendish - Rosinha


No ano de 2014, eu tive a grande honra de encenar o Auto com o grupo teatral filantropico"Irmão Aldo Marini". Eu representei o Palhaço e sem dúvidas foi uma das maiores emoções da minha vida. 



Sobre o autor: Ariano Suassuna (16 de junho de 1927 — Recife, Pernambuco, 23 de julho de 2014) foi um escritor nascido em João Pessoa, Paraíba. Defensor da cultura da sua região, o autor de Auto da compadecida lançou o Movimento Armorial, que se interessava pelo conhecimento e desenvolvimento das formas de expressão populares tradicionais.
Foi secretário de Cultura de Pernambuco (1994-1998) e secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos até abril de 2014.

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